terça-feira, 27 de setembro de 2011

Poemas Matutos

Caboco Apaxonado
Autor: Juvenal dos Santos

Nunca achei q’era verdade
Qui o amô e a sodade
Judiava assim da gente
Mai hoje meu peito sente
O q’ele nunca sentiu
Alembrano in arguém
Que hoje vive além
E pá bem longe partiu.

                           Cada qual tem seu destino
Eu ainda era minino
Só pensava in brincá
Corria pra lá e pra cá
Sem sabe o que era amô
Sem sabe o que era sodade
Mai hoje na realidade
Eu to sintino essa dô.

Vô conta tudo a vancê
Qui é pá tu entendê
Comu tudo aconteceu
Comu esse caso si deu
Nessa vida di caboco
Adispois daquele dia
Que eu gostei de Maria
Já sofri e não foi poco.

Conheci ela na infança
Eu e ela era criança
Estudava na escolinha
E pelo caminho vinha
Brincano cum alegria
E o tempo foi passano
E eu terminei gostano
Da danadinha um dia.

Era feinha pa daná
Mai cumecei arrepará
O jeito da coboquinha
Foi ficano bunitinha
Comu u’a linda fulô
Um corpim modelado
Mi senti apaxonado
E foi nasceno um amô.

Discubrino u namorico
Só pode arguém feis fuxico
Pu pai dela fica sabeno
                           Pego Maria i foi bateno
E pá bem longi mandô
Pá casa di um parente
Fico tudo adiferente
Adispois que ela mudô.

Meu coração todo dia
Bati forti pur Maria
Passo o dia maginano
Já fais mais di vinti ano
Qui daqui ela partiu
E num consigo isquecê
Minha vida é sofrê
Do dia in que ela saiu.


À noite fico maginano
Só in Maria pesano
Enquanto a menti voa
O sono min atordoa
E eu cumecu a sonhá
E quando o dia amanheci
No pensamento apareci
Maria preu maginá. 

domingo, 11 de setembro de 2011

Ainda não vivo da arte
Mas a arte vive em mim
Autor: Juvenal dos Santos

Sou poeta cordelista
E também artista plástico 
E neste mundo fantástico
Alem disso repentista
Se eu estou nesta lista
Porque já nasci assim
E não quero ver o fim
Deste dom tendo descarte
Ainda não vivo da arte
Mas a arte vive em mim.

Eu faço declamação
Muita gente se admira
E da musica caipira
Eu faço composição
Já fizeram gravação
Mas porque eu disse sim
Eu sempre vou ser assim
Da cultura faço parte
Ainda não vivo da arte
Mas a arte vive em mim.



Numa peça teatral
Trabalhei como ator
Também já fui locutor
Numa emissora local
O meu nome é Juvenal
E essa guerra não tem fim
                 Toco fogo em estopim
                 E seguro meu estandarte
Ainda não vivo da arte
Mas a arte vive em mim.

Rosinha
Autor: Juvenal dos Santos

Condo eu lembrava in Rosinha
Morena bem bunitinha
Sintia o peito magoado
Pur a não tê do meu lado
Aquela linda fulô
Talvez pur eu se minino
Ou até mermo u destino
Eu perdi aquele amô.

Danou-se pra outra banda
Purque é o pai e a mãe que manda
No destino de criança
Carreguei na minha lembrança
O jeito da caboquinha
Que num deixô nem endereço
Só sei paguei alto preço
Por amá tanto Rosinha.

E us anos se passaru
Meus colegas se casaru
E eu continuei sortero
Ajuntano argum dinhero
Prum dia encontra Rosinha
Outras me amo deu apoio
Mas somente eu tinha oio
Praquela bela rainha.

Era consei todo dia
Papai e mamãe dizia
Vá cuida no seu futuro
Já ta ficano maduro
Arranji ota pessoa
Nu mundo há tantas muiê
Tantas meninas ti quê
E tu ficano coroa.

Ni um dia bem bunitu
Um amigo deu um gritu
Dizeno vem logo cá
Tenhu u’a coisa pá falá
Num sei se tu acredita
A pessa que descobri
Hôme foi Rosinha qui eu vi
E parece ta mai bunita.

Ele min deu o indereço
Qui pra min num tinha preço
E eu rumei na merma hora
Pá acha ondi ela mora
E da um abraço apertado
Sinti o calô e u beju
Mata o meu deseju
E te Rosinha a meu lado.

Di logi vi uma casinha
E nu terrero Rosinha
Mais cum mininu nu braço
Dali num arredei um passo
Pensei ela tem maridu
Já devi di te casadu
Eu min sinti arrasadu
E tempu todu perdidu.

Ali chorei, passei mal
Di repenti vi um casal
Chegano naquele lá
E Rosinha intregá
U bebê pruma sinhora
Adespois se dispidiu
E da casa ela saiu
Partino na merma hora.

A istrada o mermo sintidu
Aondi eu tava iscondidu
Sem sabe u qui fazê
Risurvi foi aparicê
Bem na frenti di Rosinha
Ela quasi deu um gritu
Dizendo num acreditu
Conta sodade q’eu tinha.

O zoio dela briô
E eu vi qui aquele amô
Ainda permanicia
Ali só foi aligria
Minha Rosa eu te incontradu
O qui pensei foi bobera
Purque ainda tava sortera
                                                      E nossu sonhu foi realizadu. 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A ORIGEM E A VIDA DA LITERATURA DE CORDEL NO BRASIL

Autor.  Juvenal dos Santos­­



01- Peço proteção divina
      Pra que eu possa começar
      Mostrando minhas pesquisas
      E no papel registrar
      A origem e vida
      Da nossa boa e querida
      A POESIA POPULAR...

02- Literatura que vem
      Dos tempos medievais
      Lá na Península Ibérica
      Depois passou no cais
      Do Nordeste brasileiro
      Ganhando Brasil inteiro
      Chega aos dias atuais.

03- Deu os seus primeiros passos
      Lá no mundo ocidental,
      Começou como cantiga
      Com instrumento musical
      Depois passa a ser escrita,
      Das duas formas, bonita,
      Quer no papel quer oral.

04- Ganhou o nome cordel
      Por ser vendido e mostrado
      Pelos poetas nas feiras
      Em barbante pendurado
      Como roupa e pregadores
      Ficando exposto aos leitores
                      Pra ser lido ou ser cantado